Aos Cavaleiros e Damas das Ordens Dinásticas da Principesca e Ducal Casa de Mesolcina,
A todos os Cristãos de boa-vontade:
Iniciamos esta Nossa missiva saudando a todos vós, com a nossa eterna saudação Cavalheiresca: ,,DEO FAVENTE!“
E esta nossa saudação, que é bem o lema da Ordem Religiosa-Militar da Sacra Milícia de Jesus Cristo e de Santa Maria, Ordo Frati Gaudenti, nos lembra qual é o real motor de propulsão das atividades das Três Ordens Religiosas-Militares Dinásticas de Mesolcina: A Graça de Deus. Sim, pois o verbo “favente”, em latim, é utilizado para simbolizar a vontade celestial em fazer as plantas, obras e construções florescerem e se desenvolverem. Assim, Deo Favente, literalmente quer dizer “Se Deus quiser!”, ou ainda “Com os favores de Deus!”.
E não devemos ter dúvidas de que, uma Ordem de Cavalaria como a nossa, fundada em 1209 em plena luta contra os cátaros, reconhecida pela Santa Sé em 1235, tornada Dinástica pelo Papa em 1565, apenas pode prosperar em nossos dias se contar a todo o tempo com a Vontade de Deus.
O período Quaresmal, como todos sabemos, é precedido pelas importantes celebrações advindas na Quarta-Feira de Cinzas, onde devemos reconhecer nossos pecados, e "cobertos de cinzas e vestidos de sacos", pedirmos perdão a Deus, e devemos refletir sobre o nosso papel como Cristão (obviamente compreendendo o termo como um sinônimo perfeito de Católicos), e o que fizemos desde a última Quaresma que justificasse a nossa própria existência como filhos adotivos de Deus.
Também devemos aproveitar este período de reflexão, e nos perguntarmos: “O que eu espero fazer como Membro de uma Ordem de Cavalaria?”; e ainda devemos avançar nesta reflexão, e perguntarmos a nós mesmos: “O que eu estou fazendo para engrandecer a Ordem de Cavalaria que me acolheu entre seus Membros?”.
Para começarmos a refletir sobre estas perguntas, devemos antes analisarmos com grande cuidado qual a Missão de uma Ordem de Cavalaria no século XXI. Como todos sabemos, a Santa Igreja não espera mais de nós que nos vistamos com armaduras, nem que empunhemos espadas em uma luta em terras distantes contra muçulmanos ou demais pagãos. Todavia, a Igreja espera que lutemos sim, mas em nossa própria terra, e que lutemos contra as injustiças de nosso tempo. Como sabemos, os fortes tem voz em qualquer lugar; por isto mesmo, devemos ser a voz dos fracos, dos que necessitam de nosso auxílio.
Mas afinal, qual a diferença entre uma Ordem de Cavalaria e uma sociedade civil, como uma “ONG”? A diferença é que uma Ordem de Cavalaria foi fundada em tempos remotos, e diferentemente de uma “ONG”, possui uma Tradição secular, que remonta sempre a Cavaleiros que deram suas vidas em prol do bem da Cristandade. Uma Ordem de Cavalaria é sempre fundada sob a Autoridade Apostólica dos Papas de Roma, que na Bula de sua Fundação lhe concedem uma especial missão a cumprir.
Mas então, qual a diferença entre uma Ordem de Cavalaria e uma ordem terceira, como as tantas que existem no Mundo Católico? A diferença é que um Cavaleiro ou uma Dama, ou mesmo um Donato de uma Ordem de Cavalaria é parte da estrutura da Ordem como um todo, diferente de um terciário que, por mais que tente fazer parte da vida de sua ordem nunca será um membro pleno... apenas estará colaborando e assistindo o crescimento de uma obra que não é sua, de uma casa em que poderá ser sempre aceito como convidado, mas nunca como anfitrião.
Estabelecidos estes pequenos paradigmas, restam agora questionamentos se uma Ordem de Cavalaria mantém “castelos”? Podemos utilizar nossos diplomas como Cavaleiros para obtermos descontos no cinema? Estas e outras perguntas, por vezes ainda mais tolas são diariamente enviadas para os e-mails da Chancelaria-Geral das Ordens Dinásticas, e seria bom que os Cavaleiros e Damas Militenses soubessem como respondê-las.
Uma Ordem de Cavalaria não é uma associação, cuja preocupação seja conceder conforto aos seus membros. Uma Ordem de Cavalaria não é um clube de colecionadores de medalhas. Uma Ordem de Cavalaria é uma parte viva e operacional da vida da Igreja e da sociedade, onde deve operar sempre como uma entidade ao mesmo tempo Católica e Autônoma, de modo que possa auxiliar ao máximo de pessoas, sempre dentro dos critérios da Regra da Ordem.
E sobre o patrimônio de uma Ordem de Cavalaria? Não seria o certo que a Ordem mantivesse castelos e palácios, onde seus membros pudessem festejar alegremente?
Devemos lembrar que o patrimônio de uma Ordem de Cavalaria, seus palácios e castelos são os que seus Cavaleiros e Damas lhe doarem. Assim, uma Ordem com Cavaleiros e Damas mais ricos e generosos terá um patrimônio mais rico. Uma Ordem com menos Cavaleiros ricos, terá um patrimônio menos rico. É simples e tradicional. Não depende da Ordem, depende dos Cavaleiros e Damas desta Ordem.
O certo é que devemos ter em mente que o prestígio social advindo de uma Ordem de Cavalaria é algo que não pode ser alcançado fora dela, porém os benefícios sociais advindos de ser Membro de uma Ordem de Cavalaria devem ser vistos como uma digna e correta recompensa aos trabalhos de seus Membros, uma vez que, como sabemos, um Cavaleiro ou Dama precisa custear com seu próprio dinheiro todo o seu percurso dentro da Ordem. Deve pagar pelas viagens que fizer para assistir cerimônias, deve pagar por suas vestes, por suas condecorações, enfim, uma Ordem de Cavalaria não pode, nem deve, buscar ser vista como uma fonte de apoio financeiro para seus Cavaleiros.
Todos estes pontos devem ser refletidos por nós, neste dia em que iniciamos a Santa Quaresma, este tempo de reflexão onde Nosso Senhor Jesus Cristo foi ao deserto para refletir. Devemos nós, também, refletirmos, se estamos cientes de nossa missão como Cavaleiros das Três Ordens Religiosas-Militares, cujo Grão-Magistério é hereditário no posto de Duque de Mesolcina, a Sacra Ordem Dinástica, Equestre, Religiosa-Militar da Milícia de Jesus Cristo e de Santa Maria, a Ordem Dinástica Religiosa-Militar e Hospitalar da Milícia Lazarista de Nossa Senhora do Carmo e de São Lázaro de Jerusalém e a Ordem Dinástica Religiosa-Militar da Milícia Cristã de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, e lembrarmos da máxima de que “Não questione o que a Ordem de Cavalaria pode fazer pelo Cavaleiro, mas sim, o que o Cavaleiro pode fazer pela Ordem de Cavalaria”
Dado na Granja Santa Rita, 09 de fevereiro de MMXVI.
Sua Alteza Sereníssima o Príncipe
D. Andrea III Gian Giacomo
GONZAGA TRIVULZIO GALLI,
Duque de Mesolcina, Conde-Duque d'Alvito, Marquês de Castelgoffredo,
Príncipe de Mesocco e do Sacro Império Romano
Comentários